quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Vitrine

“O teatro não chega até alguém,
Alguém faz chegar o teatro a si mesmo.
(Carlos Tindemans)

Não pretendo trata aqui da importância do fenômeno do teatro de rua para a vida cultural e artística da cidade de Mossoró, nem da influência exercida por este sobre estética do teatro local, influência esta bastante notória no teatro produzido nos últimos quinze ou vinte anos; e nem de como o poder público municipal apropriou-se da linguagem desta modalidade cênica e a transformou em uma vitrine para o turismo “Cultural”. Desejo apenas lembrar o quanto é necessário e urgente que se reflita o fenômeno do teatro de rua não apenas como acontecimento artístico e cultural, mas enquanto comunhão social e principalmente que se entenda este teatro como fenômeno gerador de interferência urbana e quanto arte que se realiza na rua não pela falta de espaço físico, uma vez de termos nossas casos de espetáculos (nossas?), mais por se consentir ser uma arte alternativa, democratizante do espaço público, acessível aos que se permitem dele ser plateia e também, pela fruição dessa plateia sobre o artisticamente representado. É bom Lembrar que a arte teatral e por definição efêmera, e que o teatro de rua além da efemeridade é um ato de apropriação momentânea do “espaço” da rua e que a representação cênica é ato de comunhão social, e que o teatro de rua em relação ao publico é um acontecimento surpresa, e que a presença desta plateia é acidental, mesmo considerado que o espetáculo e precedido por uma convocação (o toque do tambor, o cortejo...), que poucas são as pessoas que se programaram para ver a atuação do grupo, por isso antes de afirmar que o teatro de rua está ”a procura de um público perdido” é imprescindível pensar que o acesso ao teatro “e um direito público. E do publico”.
É urgente que se reflita sobre o lugar do teatro de rua na sociedade mossoroense é do papel social dos artistas que o pratica, principalmente se considerarmos a representação teatral como exercício de socialização e como cerimônia coletiva e seu vínculo com a cultura popular. Seja esta cultura a tradicional ou a contemporânea.
O fato é que os grupos que fazem Teatro de Rua em Mossoró ocupam um espaço na vida cultural da cidade e, no entanto, considerando que esta modalidade teatral em nossa cidade e um processo em desenvolvimento, e não apenas em Mossoró, mais no mundo todo, abre-se aqui uma obrigação de ponderação por parte dos seus realizadores, sobre as especificidades técnica para atuação na rua.
Levanto essas questões com o desejo de despertar nos artistas da rua o interesse pela reflexão sobre nossas práticas. E convidarmo-nos a pensar o teatro de rua como um fenômeno sócio-histórico sublime e a reconhecer as particularidades desta modalidade teatral. Afinal o teatro de rua, ao contrário do que pregam alguns “colegas de oficio”, não é um substrato do teatro realizado no palco, é antes, a matriz geradora.
O teatro de rua assusta por que é invasivo, afrontador, atrevido, desmistificador e democraticamente acessível. Isso assusta a cidade capitalista globalizado, e mais ainda quando esta é portadora de uma mentalidade medievalesca como a nossa.


Nonato Santos
(ator e Diretor artístico da Cia Escarcéu. Mestrando em Artes Cênicas)

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